sexta-feira, 19 de junho de 2009

O fascínio por São Jorge


por Pedro Rocha


Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge. Para que meus inimigos tendo pés não me alcancem, (..) e nem pensamentos eles possam ter para me fazerem mal.” As palavras da oração do santo exaltam sua natureza guerreira e seus devotos tomam esse atributo para suas próprias vidas, sempre pedindo proteção.

A enfermeira Fernanda Marques, que é devota desde os 12 anos, comenta sua dedicação: “Quando me perguntam se sou espírita, eu digo que sou São Jorge, tamanho é o amor que tenho por ele. Vou à igreja, sempre rezo e faço pedidos que na maioria das vezes são atendidos”.

A imagem de São Jorge montado em um cavalo lutando contra um dragão representa a batalha entre bem e mal. Os fiéis do santo se espelham nesse perfil que, segundo a crença religiosa, lhes dá conforto e força para vencer problemas e dificuldades diárias.

Muitos são os devotos do guerreiro. Entre eles estão Zeca Pagodinho, Jorge Benjor e Jorge Babu, autor da lei que institui o dia 23 de abril como feriado de São Jorge. A execução de músicas que exaltam o santo ajuda na propagação dos valores que acompanham sua imagem.

Ogum e o sincretismo

No espiritismo também há o sincretismo com o orixá Ogum, que domina os metais e a guerra. Na umbanda, a cor do santo é vermelha e faz referência ao sangue e à guerra. Já no candomblé a cor é azul, devido ao fogo que Ogum usava para forjar suas armas e ferramentas.

Seja qual for a corrente espírita, São Jorge e Ogum são venerados por todos os seus devotos, como forma de agradecimento e admiração.



Fonte: http://miliotti.wordpress.com

“A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”


Texto e fotos por Rosilene Miliotti

A letra da música de Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Britto, sucesso do grupo Titãs nos anos 80, retrata bem o que o povo brasileiro precisa. Desde aquela época já sabíamos que dar bolsa disso ou daquilo não adianta se o povo não tem acesso a outros direitos básicos garantidos pela Constituição Federal como: cultura, educação, lazer e segurança.

Um dos grupos mais bem consolidados, no Rio de Janeiro, na busca da garantia de direitos e de dar acesso à cultura como consumidor e produtor é o AfroReggae, que conquistou o patamar de referência internacional através dos tambores da banda, que viaja o mundo levando a música produzida na favela, e por sua história.

No Complexo do Alemão, núcleo caçula do AfroReggae, as oficinas são gratuitas e a procura só cresce. São atendidos cerca de 100 alunos entre 8 e 48 anos. Os professores, instrutores e monitores acabam sendo referência para as crianças, jovens e adultos que participam das oficinas. Romero Alves, instrutor de circo, atua há dois anos no Alemão e diz que a resposta dos alunos é ótima. “Eles (os alunos) retribuem com muito carinho e são mais que alunos são amigos”, diz o Romero, orgulhoso após apresentação da dos alunos da oficina de circo para os estudantes da Unisuam.

“É complicado a gente ser espelho de pessoas tão jovens, mas isso é inevitável”, diz Juninho, professor da oficina de percussão. O professor cresceu com o grupo, entrou aos 6 anos e há 15 anos participa da banda AfroReggae. “A gente tenta mostrar para eles que o mundo é muito maior do que só o Complexo do Alemão”, diz.

Juninho também explica que os traficantes não querem ver seus filhos seguindo o mesmo caminho que eles escolheram. Por isso eles respeitam os trabalhos feitos pelas ONG`s nas favelas. Segundo ele, as comunidades são muito grandes, e apenas cerca de 2% dos que residem nessas comunidades são envolvidos com o tráfico.

Do tráfico a exemplo

Um dos objetivos da instituição é resgatar pessoas que se envolveram com o tráfico para participar dos projetos e trazer de volta sua cidadania. Um dos casos é o de André Santos da Cunha, conhecido como Donguinho ou na gíria do trafico, DG. Ele entrou para o tráfico da comunidade de Vigário Geral aos 16 anos e hoje, aos 27 anos é assistente do Altair Martins, Presidente e Coordenador de Operacionalização do AfroReggae e instrutor de percussão em projetos do DEGASE (Departamento Geral de Ações Socioeducativas).

DG diz que queria dar o direito da sua família ser feliz. Por algumas vezes seu filho o viu armado e isso mexeu muito com ele. “Eu não sentia mais gosto em viver. Mas o que me levou mesmo a mudar de vida foi acreditar. Enquanto a gente acreditar, tudo pode dar certo”, fala o ex-traficante, que tinha mais três irmãos que também trabalhavam para o tráfico.

Um dos motivos para DG sair definitivamente do tráfico, além do trabalho feito pelo AfroReggae, foi sua família. DG contou que um dia encontrou R$ 2mil no guardarroupa de sua mãe e quando a questionou sobre para que ela guardava aquela quantia, com lágrimas nos olhos, ela respondeu que esperava que ele morresse, assim como os seus irmãos, a qualquer momento. Além de saber que não era exemplo para seu filho.

AfroReggae: de Vigário ao Alemão

O Grupo Cultural AfroReggae (GCAR) surgiu em janeiro de 1993, inicialmente em torno do jornal Afro Reggae Notícias - um veículo que visava à valorização e a divulgação da cultura negra. No mesmo ano foi inaugurado na favela de Vigário Geral o primeiro Núcleo Comunitário de Cultura, desenvolvendo projetos sociais.

O objetivo da instituição é oferecer uma formação cultural e artística para jovens moradores de favelas para construírem sua cidadania para que não vissem como única alternativa o narcotráfico e do subemprego. Mias tarde, em 1997, o GCAR inaugurou o Centro Cultural AfroReggae Vigário Legal, com isto foi possível fazer com que a instituição se tornasse uma referência de prática sociocultural na cidade do Rio de Janeiro.

O AfroReggae é uma instituição empreendedora, e isso faz com que a auto-estima dos moradores das comunidades onde atua seja alta, pois essas comunidades acabam sendo vistas não só pela violência, mas pelo que de bom tem nelas. Hoje, a instituição desenvolve projetos, além de Vigário Geral e Parada de Lucas, no Complexo do Alemão e no Cantagalo.


No Complexo do Alemão, o AfroReggae desenvolve oficinas de circo, dança, música e teatro desde 2002, quando a instituição estabeleceu uma parceira com o SESC Rio. O projeto “Itinerários Aliados”, inicialmente, atendia jovens do Complexo do Alemão e Morro do Adeus, comunidades onde facções rivais vivem em conflito. Depois da conclusão do projeto a instituição continuou o processo de maneira independente. A partir daí nasceu núcleo no Complexo do Alemão, que atualmente está na Comunidade do Canitá, mas em breve se mudará para a Avenida Itararé.

Saiba mais sobre o AfroReggae acessando o site http://www.afroreggae.com.br

Handebol de areia

Leia matéria sobre handebol de areia. Um esporte novo, mas que cada vez mais cresce e se populariza principalmente nas praias de Copacabana.

acesse: miliotti.wordpress.com