domingo, 22 de novembro de 2009

Especial "Dall'Inferno alla bellezza" com Roberto Saviano


O programa "Che tempo che fa", da TV italiana Rai Tre, apresenta um dos mais aclamados escritores dos últimos tempos: Roberto Saviano.
http://www.raitre.rai.it/dl/RaiTV/programmi/media/ContentItem-4ac659fe-d9c2-4f9d-b59e-3205c070cd9c.html

Roberto é escritor e jornalista, nascido em Nápoles ,sul da Itália. Ficou famoso pelo seu livro-reportagem Gomorra (2006), que faz uma radiografia das atividades da mafia napolitana, a Camorra. Por isso, foi ameaçado de morte e vive sob constante proteção policial. É também formando em Filosofia pela Università di Napoli Frederico II.

Como jornalista colaborou com os periódicos L'espresso e La Repubblica, além de algumas revistas. Recentemente lançou o livro O Contrário da Morte que já está disponível, assim como Gomorra, em português.

Quem quiser acompanhar a carreira desse fenômeno italiano, basta entrar no site oficial de Saviano: http://www.robertosaviano.com


quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Quanto vale ou é por quilo?


Sinopse

O filme retrata os problemas acerca da miséria no Brasil e de que forma algumas ONGs utilizam indevidamente os recursos destinados a projetos sociais para ter enriquecimento ilícito, e transformam o terceiro setor em algo com credibilidade questionável. Paralelamente, são apresentadas relações sociais em séculos anteriores, evidenciando que o subjugo desse passado ao atual tratamento destinado aos pobres permanece intacto.
Veja o trailler do filme: http://www.youtube.com/watch?v=pRjhvfQtGig


Crítica

O diretor Sérgio Bianchi utiliza uma linguagem totalmente chocante e ao mesmo tempo verossímil para abordar o problema da exploração sobre pessoas que nascem e vivem sob condições precárias. Há um ritmo na narrativa que faz um link entre a atualidade e o Brasil colonial, mostrando que esse processo está na raiz de nossa cultura. Ele é reproduzido de uma geração a outra, no papel de dominador e de dominado, de dono e de escravo, patrão e empregado, criando distanciamento social.

Na trama, os que sofrem apresentam diferentes olhares e comportamentos colocando o espectador diante de uma discussão ou de uma reflexão profunda sobre uma sociedade tão segregada. Alguns personagens se calam e aceitam suas condições. Outros fazem o papel intermediário para o explorador, fazendo o trabalho sujo contra os que são da mesma origem, e há ainda aqueles que se revoltam diante dessas desigualdades, tentando travar algum tipo de batalha contra as injustiças.

Bianchi desenha um ciclo contínuo e cruel da realidade brasileira que ganha força em cada etapa: a subjugação gera violência e se transforma em mais exploração, sempre sob a motivação do poder e do acúmulo de dinheiro.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Dia do amigo de verdade

Por Pedro Rocha


No dia 20 de Julho comemora-se o dia do amigo. Nessa data recebi diversos e-mails, mensagens e todo o tipo de celebração, o que me fez atentar para um fato curioso: qual o real valor da amizade nos dias atuais.
Resolvi refletir sobre isso, pois nos ambientes nos quais ando existem vários exemplos de pessoas e vejo que o conceito de amizade vem se perdendo. Hoje todo mundo é amigo, em todas as horas. Tem amigo de festa, de bar, de faculdade, de boate, de cama, amigo colorido. Enfim, para todos dos gostos.
Alguns misturam amizade com negócios e amor, o que pode ter resultados trágicos (ou não). Outros levam amizade de interesses, sem pensar no sentimento real.
Dizem que os amigos são os piores inimigos, uma vez que sabem nossos segredos, fraquezas e vontades. Por isso deve-se preservar uma boa relação e evitar brigas desnecessárias, a não ser que você queira ver seus assuntos soltos por aí.
Uma falecida amiga, que se chamava Patrícia, disse uma vez que amizade era troca, de diversos aspectos e questões. Ela se referia à cumplicidade, à entrega, ao carinho mútuo e com o passar dos anos, eu fui entendendo e absorvendo essa definição que ela defendia. Mas é no dia a dia que se vê essa afeição em ação nos pequenos detalhes, nas ocasiões difíceis, ou seja, quando mais se precisa.
Para a amizade também não existe distância geográfica ou temporal, visto que o sentimento permanece e a saudade cria um vínculo entre as pessoas. Esse apreço que os amigos têm está vinculado à fidelidade e confiança, pois eles procuram se completar e preencher as necessidades dos outros.
A amizade para mim sempre teve uma outra palavra atrelada a sua idéia: consideração. Essa importância dada aos pequenos atos sempre fez toda a diferença na hora de pesar quem merece esse sentimento.
Diante de toda essa animação que vi no dia do amigo, penso que o significado de amizade tem sido mais prático que teórico. As pessoas têm falado mais em ser amigo do que realmente sentem essa afinidade. Por fim, desejo àqueles que experimentam essa sensação de afeto um feliz dia do amigo, e que a amizade possa durar o tempo que for (verdadeira ou conveniente).

sexta-feira, 19 de junho de 2009

O fascínio por São Jorge


por Pedro Rocha


Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge. Para que meus inimigos tendo pés não me alcancem, (..) e nem pensamentos eles possam ter para me fazerem mal.” As palavras da oração do santo exaltam sua natureza guerreira e seus devotos tomam esse atributo para suas próprias vidas, sempre pedindo proteção.

A enfermeira Fernanda Marques, que é devota desde os 12 anos, comenta sua dedicação: “Quando me perguntam se sou espírita, eu digo que sou São Jorge, tamanho é o amor que tenho por ele. Vou à igreja, sempre rezo e faço pedidos que na maioria das vezes são atendidos”.

A imagem de São Jorge montado em um cavalo lutando contra um dragão representa a batalha entre bem e mal. Os fiéis do santo se espelham nesse perfil que, segundo a crença religiosa, lhes dá conforto e força para vencer problemas e dificuldades diárias.

Muitos são os devotos do guerreiro. Entre eles estão Zeca Pagodinho, Jorge Benjor e Jorge Babu, autor da lei que institui o dia 23 de abril como feriado de São Jorge. A execução de músicas que exaltam o santo ajuda na propagação dos valores que acompanham sua imagem.

Ogum e o sincretismo

No espiritismo também há o sincretismo com o orixá Ogum, que domina os metais e a guerra. Na umbanda, a cor do santo é vermelha e faz referência ao sangue e à guerra. Já no candomblé a cor é azul, devido ao fogo que Ogum usava para forjar suas armas e ferramentas.

Seja qual for a corrente espírita, São Jorge e Ogum são venerados por todos os seus devotos, como forma de agradecimento e admiração.



Fonte: http://miliotti.wordpress.com

“A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”


Texto e fotos por Rosilene Miliotti

A letra da música de Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Britto, sucesso do grupo Titãs nos anos 80, retrata bem o que o povo brasileiro precisa. Desde aquela época já sabíamos que dar bolsa disso ou daquilo não adianta se o povo não tem acesso a outros direitos básicos garantidos pela Constituição Federal como: cultura, educação, lazer e segurança.

Um dos grupos mais bem consolidados, no Rio de Janeiro, na busca da garantia de direitos e de dar acesso à cultura como consumidor e produtor é o AfroReggae, que conquistou o patamar de referência internacional através dos tambores da banda, que viaja o mundo levando a música produzida na favela, e por sua história.

No Complexo do Alemão, núcleo caçula do AfroReggae, as oficinas são gratuitas e a procura só cresce. São atendidos cerca de 100 alunos entre 8 e 48 anos. Os professores, instrutores e monitores acabam sendo referência para as crianças, jovens e adultos que participam das oficinas. Romero Alves, instrutor de circo, atua há dois anos no Alemão e diz que a resposta dos alunos é ótima. “Eles (os alunos) retribuem com muito carinho e são mais que alunos são amigos”, diz o Romero, orgulhoso após apresentação da dos alunos da oficina de circo para os estudantes da Unisuam.

“É complicado a gente ser espelho de pessoas tão jovens, mas isso é inevitável”, diz Juninho, professor da oficina de percussão. O professor cresceu com o grupo, entrou aos 6 anos e há 15 anos participa da banda AfroReggae. “A gente tenta mostrar para eles que o mundo é muito maior do que só o Complexo do Alemão”, diz.

Juninho também explica que os traficantes não querem ver seus filhos seguindo o mesmo caminho que eles escolheram. Por isso eles respeitam os trabalhos feitos pelas ONG`s nas favelas. Segundo ele, as comunidades são muito grandes, e apenas cerca de 2% dos que residem nessas comunidades são envolvidos com o tráfico.

Do tráfico a exemplo

Um dos objetivos da instituição é resgatar pessoas que se envolveram com o tráfico para participar dos projetos e trazer de volta sua cidadania. Um dos casos é o de André Santos da Cunha, conhecido como Donguinho ou na gíria do trafico, DG. Ele entrou para o tráfico da comunidade de Vigário Geral aos 16 anos e hoje, aos 27 anos é assistente do Altair Martins, Presidente e Coordenador de Operacionalização do AfroReggae e instrutor de percussão em projetos do DEGASE (Departamento Geral de Ações Socioeducativas).

DG diz que queria dar o direito da sua família ser feliz. Por algumas vezes seu filho o viu armado e isso mexeu muito com ele. “Eu não sentia mais gosto em viver. Mas o que me levou mesmo a mudar de vida foi acreditar. Enquanto a gente acreditar, tudo pode dar certo”, fala o ex-traficante, que tinha mais três irmãos que também trabalhavam para o tráfico.

Um dos motivos para DG sair definitivamente do tráfico, além do trabalho feito pelo AfroReggae, foi sua família. DG contou que um dia encontrou R$ 2mil no guardarroupa de sua mãe e quando a questionou sobre para que ela guardava aquela quantia, com lágrimas nos olhos, ela respondeu que esperava que ele morresse, assim como os seus irmãos, a qualquer momento. Além de saber que não era exemplo para seu filho.

AfroReggae: de Vigário ao Alemão

O Grupo Cultural AfroReggae (GCAR) surgiu em janeiro de 1993, inicialmente em torno do jornal Afro Reggae Notícias - um veículo que visava à valorização e a divulgação da cultura negra. No mesmo ano foi inaugurado na favela de Vigário Geral o primeiro Núcleo Comunitário de Cultura, desenvolvendo projetos sociais.

O objetivo da instituição é oferecer uma formação cultural e artística para jovens moradores de favelas para construírem sua cidadania para que não vissem como única alternativa o narcotráfico e do subemprego. Mias tarde, em 1997, o GCAR inaugurou o Centro Cultural AfroReggae Vigário Legal, com isto foi possível fazer com que a instituição se tornasse uma referência de prática sociocultural na cidade do Rio de Janeiro.

O AfroReggae é uma instituição empreendedora, e isso faz com que a auto-estima dos moradores das comunidades onde atua seja alta, pois essas comunidades acabam sendo vistas não só pela violência, mas pelo que de bom tem nelas. Hoje, a instituição desenvolve projetos, além de Vigário Geral e Parada de Lucas, no Complexo do Alemão e no Cantagalo.


No Complexo do Alemão, o AfroReggae desenvolve oficinas de circo, dança, música e teatro desde 2002, quando a instituição estabeleceu uma parceira com o SESC Rio. O projeto “Itinerários Aliados”, inicialmente, atendia jovens do Complexo do Alemão e Morro do Adeus, comunidades onde facções rivais vivem em conflito. Depois da conclusão do projeto a instituição continuou o processo de maneira independente. A partir daí nasceu núcleo no Complexo do Alemão, que atualmente está na Comunidade do Canitá, mas em breve se mudará para a Avenida Itararé.

Saiba mais sobre o AfroReggae acessando o site http://www.afroreggae.com.br

Handebol de areia

Leia matéria sobre handebol de areia. Um esporte novo, mas que cada vez mais cresce e se populariza principalmente nas praias de Copacabana.

acesse: miliotti.wordpress.com

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Seminário de Mídia e Violência


Nos dias 26 e 27 de março, jornalistas e cientistas políticos e sociais do Brasil, Canadá e Estados Unidos se reuniram, na Escola de Comunicação da UFRJ, para discutir a relação entre mídia e violência. Estiveram presentes no evento os jornalistas Fernando Molica (jornal O Dia), Raphael Gomide (Folha de S. Paulo), Marcelo Moreira (editor-chefe RJ TV 2ª edição), Ivana Bentes (diretora da Escola de Comunicação da UFRJ), Jorge Antônio Barros (editor-adjunto jornal O Globo), Tião Santos (coordenador da Rádio Viva Rio), Anabela Paiva e a cientista social Silvia Ramos (organizadoras do livro Mídia e Violência.

A “banalização da violência” foi um dos temas mais debatidos e criticados durante o evento. “As pessoas leem as notícias de crime e não se chocam mais, não se importam”, comentou o jornalista canadense Doug Saunders, chefe da sucursal de Londres do jornal Globe and Mail.

De acordo com os convidados do seminário, o crescimento da violência faz com que os profissionais de imprensa criem formas de adaptar a apuração e cobertura dos acontecimentos. Uma das preocupações apontadas foi a segurança dos jornalistas que fazem cobertura policial ou de guerra.

Neste cenário de novos fatores que interferem na cobertura, as pesquisadoras Anabela Paiva e Silvia Ramos, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), autoras do livro Mídia e Violência, ressaltaram que a pesquisa feita para o livro demonstrou que a polícia não é mais a fonte principal dos jornalistas. Atualmente, há uma preocupação em mostrar o lado de quem sofre diretamente com a violência, diariamente, nas grandes cidades brasileiras.





Favela e violência


Outro fator levantado pelos debatedores o foi o crescente preconceito que permeia os espaços populares, ligando a violência diretamente às favelas e à pobreza. Em sua intervenção, Sílvia Ramos citou alguns dados dos estudos realizados pelo CESeC. Segundo a pesquisadora, os dados mostram que a polícia carioca é a que mais mata no mundo. A proporção é de 48 homicídios por 100 mil habitantes. Quando verificado números entre jovens, negros, do sexo masculino de 22 a 24 anos, a taxa é de 400 para cada 100 mil habitantes.

O jornalista e líder comunitário da comunidade Santa Marta, Zona Sul do Rio, Itamar Silva, esteve presente no segundo dia de debates e lamentou a forma como a imprensa trata as vítimas da violência em muitos casos. “Ainda há certa marginalização quando retratam a criança, por exemplo, que mora na favela como menor, considerando o jovem pobre uma ameaça”, afirma Itamar.




Mídia e violência em livro


Em 2007, a jornalista Anabela Paiva e a cientista social Sílvia Ramos, coordenadora do CESeC, lançaram o livro “Mídia e Violência – Novas tendências na cobertura da criminalidade e segurança pública no Brasil”. O livro é resultado de pesquisa realizada pelo CESeC desde 2004 e é uma profunda reflexão sobre a cobertura de segurança pública.

O livro reúne entrevistas realizadas com cerca de 90 jornalistas, artigos e depoimentos de policiais e especialistas no tema, além da apresentação dos resultados da análise do conteúdo de 5.165 notícias. A publicação se inspirou no tipo de diálogo que a Agência de Noticias dos Direitos da Infância (ANDI) promove entre as redações, as universidades de comunicação e as entidades relacionadas à agenda do desenvolvimento sustentável e dos direitos humanos.

A publicação tem distribuição gratuita para centros de pesquisas, universidades e organizações não- governamentais (ONGs).